Segundo dados mais recentes apurados pelo site www.maismulheresnopoderbrasil.com.br junto à Ordem dos Advogados do Brasil, o número de mulheres já supera o de homens entre os inscritos na Ordem. Elas já são 50,51%. Em maio de 2009, representavam 44,72%. Durante este período, houve um incremento de 60 mil advogadas inscritas e um decréscimo de quase 4 mil advogados.
Nas estatísticas por estados, o destaque foi o estado de Roraima, contando com 63,77% de mulheres advogadas, seguido de perto por Santa Catarina, com 60,54%, e pelo Paraná, com 60,1%. Se a região Norte lidera o ranking regional, é lá também que está o estado com o menor percentual feminino na advocacia, 36,13%, no Acre.
Já em termos numéricos, São Paulo tem o maior contingente de advogadas, 118.790, seguido por Rio de Janeiro, com 52.807. O estado com o menor número de advogadas curiosamente é o que tem o maior percentual, Roraima, com 257 mulheres.
O site www.maismuheresnopoderbrasil.com.br entrevistou as advogadas Elidia Tridapalli, Secretária Geral Adjunta da Ordem dos Advogados do Brasil de Santa Catarina (OAB/SC), e Cláudia Regina Nichnig, Presidenta da Comissão da Mulher Advogada da OAB/SC. Segundo as advogadas, o expressivo percentual de mulheres na advocacia catarinense tem relação com a valorização crescente da Educação dispensada às mulheres, que já são maioria das concluintes do Ensino Médio e nos cursos de Direito, e cujo acesso ao Ensino Superior aconteceu apenas no século XX. Assim, “sendo as mulheres que dispensam mais anos nos bancos escolares, principalmente nos cursos de Direito, estas optam pela valorizada carreira da advocacia”.
Elidia Tridapalli e Cláudia Regina Nichnig afirmam ser comum ouvir na advocacia catarinense por parte das pessoas que procuram advogados para defenderem seus direitos junto ao Poder Judiciário uma preferência por mulheres advogadas. Isso porque elas demonstram maior dedicação e atenção às causas assumidas, fazendo com que exista uma demanda social. Assim, as bacharéis em Direito optam por se submeterem ao Exame da Ordem para abraçarem a carreira da advocacia, seja privada, através de contratação em empresas, ou no serviço público, que acessam através do concurso público.
Quanto à avaliação que fazem sobre a maior presença feminina no Judiciário brasileiro, desde advogadas, juízas e ministras, as advogadas dizem ver como uma realidade “extremamente positiva e importante para o cenário jurídico nacional”. Isso porque “a presença feminina não é somente positiva pelo entendimento que estas mulheres possuem frente às questões jurídicas propriamente ditas, mas também porque se traduz numa possibilidade de visibilidade das mulheres em espaços de poder, fazendo com que meninas e adolescentes possam objetivar a sua própria participação no cenário jurídico, pois visualizam outras mulheres nestas instâncias de poder do país, que são a advocacia e o Judiciário, nos seus variados cargos”.
As representantes da OAB/SC ressaltam que a presença crescente de mulheres no Judiciário e na advocacia traz mudanças importantes também nas decisões tomadas, bem como na forma como as decisões são planejadas e executadas. Citam como exemplo o fato de há anos as mulheres serem costumeiramente contratadas para advogar em questões como as referentes ao Direito de Família. Entretanto, atualmente, “é cada vez maior o número de advogadas que atuam nas mais diversas áreas do Direito, e são escolhidas por seus clientes por serem consideradas mais responsáveis e dedicadas à carreira da advocacia”. Já na magistratura de primeiro grau em Santa Catarina, que tem um número significativo de juízas, a atuação das magistradas no Poder Judiciário reflete em decisões mais humanas, as sentenças são prolatadas com maiores detalhes, reduzindo, inclusive, os números de Recursos levados a segunda instâncias de julgamento.
Apesar do número significativo de mulheres inscritas no quadro da Ordem dos Advogados Catarinense, Elidia Tridapalli e Cláudia Regina Nichnig lembram ser ainda poucas as que ocupam cargos de liderança na OAB. Na atual gestão da Diretoria OAB/SC, há apenas uma mulher, que é a Secretária Geral Adjunta, a advogada Elidia Tridapalli, e no Conselho Estadual, dos 52 integrantes apenas nove mulheres compõem o órgão. A sub-representação também não é diferente na atuação das mulheres na composição do Tribunal de Justiça (TJ/SC), dos 40 desembargadores, somente quatro são mulheres.
As advogadas afirmam que a Comissão da Mulher Advogada, existente no Conselho Federal e em vários Estados do Brasil, em Santa Catarina tem como um dos seus objetivos principais incentivar a participação das mulheres na sua instituição de classe. “Para evoluirmos enquanto sociedade e para efetiva participação das mulheres nos espaços de Poder, há a necessidade de políticas públicas que possibilitem primeiro a educação das crianças, dos jovens, dos adultos na divisão das tarefas domésticas do cotidiano, que seja possível à mulher trabalhar, participar, sem que tenha que se submeter, muitas vezes, a quarta jornada de trabalho. Necessitamos que os homens entendam que as mulheres não estão em busca da usurpação do poder que exercem, mas, sim, da luta constante pela igualdade de participação efetiva nos destinos da sociedade moderna que se busca, sendo ela igualitária, democrática e fraterna, que possibilite as pessoas viverem dignamente e com segurança”. Fonte: Site Mais Mulheres no Poder
14/04/2010