Pensar sobre os problemas da cidade. Definir qual deles é prioridade. Listar as causas deste problema e pensar em possíveis soluções, criando uma estratégia de atuação. Foi este o roteiro da atividade que levou mais de 170 alunos de Ensino Médio da Escola Elza Pacheco, de Blumenau, a trabalharem em ideias e projetos para melhorar a vida da população.
Divididos em pequenos grupos, os estudantes foram estimulados a tomar parte na vida pública durante o workshop "Criando um Futuro Melhor com as Próprias Mãos", ministrado pelo LegislAÇÃO Brasil em parceria com a Minha Blumenau – um exercício de cidadania e participação popular para convocar os mais jovens a se envolverem com a política de um jeito prático.
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A ação integra a programação da campanha Vote Consciente, que circula pelo Estado para propagar localmente as temáticas da bandeira, que vão muito além do voto na urna.
– Esse tipo de evento é fundamental para estimular a busca pela mudança, para que eles se conscientizem do papel do jovem na sociedade. Abre caminhos para que eles entendam o que estão fazendo – ressaltou a diretora da Escola, Tania Elaine Wuaden.
Para a estudante Gabriela Gaspar, de 17 anos, a própria educação política é uma questão problemática, já que a grande curricular dos ensinos fundamental e médio não deixa clara em qual ou quais disciplinas o tema está contemplado.
– Falta interesse dos próprios políticos em levar o tema da para a escola e o ensino, já que desta forma as pessoas teriam mais conhecimento e se tornariam mais politizadas. Uma das formas de mudar isso é por meio da pressão popular.
Não por acaso, um dos pontos que se destacou entre os grupos foi a questão da educação, já que no ano passado a escola esteve a ponto de ser fechada. Na ocasião, alunos, pais e professores foram às ruas em uma mobilização que também ganhou força na internet, até que conseguiram que a instituição permanecesse em pleno funcionamento. Por conta deste fato, a escola ganhou repercussão como exemplo de engajamento e mobilização.
– Hoje estamos com 28 projetos conduzidos por professores de forma voluntária, e a parceria com outras instituições é muito importante para auxiliar na formação integral do estudante – aponta o professor Cristian Eduardo da Silva, que é também ex-aluno da escola e atual coordenador de projetos.
Foto: Patrick Rodrigues
Campanha reforça atuação em escolas
Completando um mês do seu lançamento, a campanha Vote Consciente – iniciativa da OAB/SC com o Diário Catarinense e demais veículos da RBS em Santa Catarina – reforça sua atuação junto aos jovens catarinenses com uma série de atividades envolvendo crianças e adolescentes em idade escolar, promovendo a educação política e cidadã para além das eleições.
– A melhor forma de mudar as coisas é pensar no futuro, principalmente em vocês, os jovens, que com certeza também têm interesse em construir um Brasil melhor. E isso nós podemos começar por meio do voto, usando bem este direito – lembrou o presidente da OAB/SC, Paulo Marcondes Brincas.
Na última semana, a campanha promoveu ações com cerca de 400 estudantes de Florianópolis, Joinville e Blumenau. Na Capital, alunos de quatro escolas se reuniram na última sexta-feira na sede da OAB para uma aula sobre cidadania e voto responsável. Já na terça-feira foi a vez do Colégio Tuffi Dipe em Joinville, receber a caravana do Vote Consciente para uma manhã de atividades, que incluiu palestra e dinâmicas de grupo.
No evento de Blumenau, nesta quarta, o presidente da Subseção da OAB no município, Romualdo Marchinhacki, também lembrou para a importância da participação das mulheres na política
– A maioria dos eleitores de Blumenau é do sexo feminino e, no entanto, mal se consegue preencher as vagas mínimas destinadas às mulheres entre os candidatos – alertou.
A atividade realizada no Vale também contou com o reforço de autoridades e especialistas em direito eleitoral, entre eles o diretor da OAB/SC, Rafael Horn e a juíza eleitoral Quiteria Tamanini, além de conselheiros estaduais e municipais. Em setembro a campanha promoverá ações em Joaçaba (12) e Chapecó (13).
Iniciativas independentes promovem a educação política
A vontade de promover mudanças na realidade política das cidades tem motivados jovens catarinenses a criarem projetos independentes para conectar pessoas e promover ideias. É o caso da startup social LegislAÇÃO Brasil, fundada pelos universitários Eduardo Maneira e Giano Silva Freitas em Florianópolis.
A startup participa do projeto Lab do Social Good Brasil, uma organização que promove o uso da tecnologia e da inovação para solucionar problemas da sociedade. O objetivo principal do LegislAÇÃO é aproximar e incentivar a participação ativa dos jovens na vida pública, seja criando projetos, apresentando-os ao legislativo municipal ou fiscalizando os agentes eleitos.
– Constatamos que os jovens de maneira geral não se sentem responsáveis pelo desenvolvimento do local ao qual pertencem. Além disso, hoje o principal fato que leva as pessoas a se sentirem impotentes, e como se a realidade fosse imutável, é o desconhecimento da Constituição Federal – defende Geano.
Outra iniciativa que tem estimulado a mobilização e o protagonismo dos jovens na política é a rede Minha Blumenau. Criada há um ano e meio, a ONG utiliza tecnologia e estratégias de mobilização pra engajar as pessoas e influenciar diretamente em politicas públicas que orientam o futuro da cidade.
– Esse tipo de atividade, como a de hoje, é importante pra dar cada vez mais ferramentas e embasamento para que os jovens se tornem protagonistas na vida pública, colocando a mão na massa – afirma Amanda Tiedt, fundadora da Minha Blumenau, que integra a rede Nossas Cidades.
Também no intuito de ajudar a população a se envolver mais e compreender a política, foi lançado o aplicativo Vote Consciente, idealizado pela arquiteta Ana Letícia Knuth, de Gaspar. A ferramenta promove a aproximação ideológica entre eleitores e políticos, por meio de um questionário que revela com qual candidato a prefeito ou vereador o usuário mais se identifica.
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– O aplicativo surgiu com o propósito de entender como os candidatos pensam sobre temas polêmicos, como o estatuto do desarmamento ou a guarda municipal armada, de uma forma que as outras ferramentas disponíveis hoje não possibilitam – descreve Ana Letícia.
Todos estas iniciativas são estruturadas como plataformas abertas e podem ser replicadas em outras localidades.
Fonte: Santa